Sobreviver em Tarrafal de Santiago de António Jacinto, editado em1985, reúne um conjunto de poemas escritos pelo poeta, durante o seu exílio e prisão no Campo de Concentração no Tarrafal de Santiago em Cabo Verde, mais propriamente no Campo de Trabalho de Chão Bom. Pela presença de grandes valores éticos, pela defesa de união ideológica, cultural e política em África, pelo repensar e reafirmar da identidade cultural de um país, Angola, reprimido pelas forças coloniais, a obra Sobreviver em Tarrafal de Santiago assume, no panorama histórico colonial da literatura Angolana, a dimensão heróica e a dimensão construtiva da Geração de Mensagem...
António Jacinto integrou uma geração de poetas (“Mensagem”) que pretendeu romper com os paradigmas coloniais . “Mensagem” buscou a valorização do homem Angolano e a afirmação dos valores nacionais. “Sobreviver em Tarrafal de Santiago” (edª 1985), obra literária que reúne poemas escritos pelo poeta António Jacinto, na época colonial, durante o seu exílio e desterro na prisão Campo de Trabalho de Chão Bom-Tarrafal, apresenta uma nova escrita que questiona e enfrenta o poder vigente e que reivindica tudo aquilo que foi negado ao povo angolano. No primeiro momento deste trabalho de investigação, pretende-se focar a relevância que “Sobreviver em Tarrafal de Santiago” teve no panorama histórico colonial na literatura angolana e sua inserção na defesa de união cultural, ideológica e política em África. “Penso África, Sinto África, digo África (…)” in No ritmo do Tantã (26.8.70) No segundo momento mostrar que a nova escrita do poeta António Jacinto é um produto de um mundo fechado, “concentracionário”, longe das realidades da sua terra, influenciado pelo ambiente cabo-verdiano e lendo novos autores com quem estabelece relações dialógicas, (Manuel Lopes, Ovídio Martins, José Craveirinha, Manuel Bandeira, Álvaro de Campos e outros) temáticas e retratos geográficos de algumas ilhas de Cabo Verde. No terceiro momento acentuar que o poeta António Jacinto reafirma a sua posição de africano, defendendo a continuidade da presença de símbolos culturais de uma nação, mesmo no futuro literário africano. “Resistir! Viver para regressar!”
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