Se há um livro recente que transmita magistralmente o sentido de perplexidade em que o mundo ocidental mergulhou poucos anos após o fim da guerra fria, esse é certamente Condições da Liberdade (...)
Ernest Gellner é um conhecido antropólogo-filósofo de Cambridge, actualmente a trabalhar em Praga, na Universidade da Europa de Leste (...) estando por isso idealmente situado para discutir o tema que serve de ponto de partida ao livro: por que motivo a queda do comunismo no Leste europeu e na ex-União Soviética não deu lugar à retumbante emergência do capitalismo democrático de tipo ocidental? Por que razão o «modelo ocidental é desafiado, nesses países, por toda a sorte de arcaísmos rivais, desde o tribalismo chauvinista ao capitalismo mafioso tão do agrado dos Russos? (...)
O que explica as dificuldades do Leste em erigir o capitalismo democrático é a ausência de uma sociedade civil forte (...) Mas o que é exactamente a sociedade civil? (...) O livro é excelente na descrição das diferenças entre Estado totalitário, sociedade tradicional e sociedade civil. Também é magistral ao lembrar-nos que a nossa civilização parece, afinal, produto de circunstâncias fortuitas, que são, por isso, eminentemente precárias: o que a história deu, a história pode tirar(...)
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