Fernando Pereira

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Deste mundo e do outro

José Saramago, Deste mundo e do outro, Arcádia, Lisboa, 1971
1ª edição.
224 pp., 18 cm.
José Saramago, Azinhaga, Golegã, 1922 - Lanzarote, ilhas Canárias, 2010
José Saramago
Prémio Nobel de Literatura 1998. Nascido no Ribatejo, mas desde muito novo a residir em Lisboa, José Saramago é um caso paradigmático de escritor autodidacta: com um curso em serralharia mecânica concluído em 1939, vai, ao longo dos anos, repartir a sua actividade profissional pela tradução, a direcção literária e de produção numa casa editora, colaborações várias em jornais e revistas (salientando-se a função de crítico literário que manteve na Seara Nova e o jornalismo propriamente dito, tendo orientado o «Suplemento Literário» do Diário de Lisboa e sido director-adjunto do Diário de Notícias, já no período pós-revolucionário de 1974-75).
Tendo embora iniciado a sua carreira nas letras em 1947, com o livro Terra do Pecado, é em 1980, com o romance Levantado do Chão, história da vida de uma família camponesa do Alentejo desde o início do século até à revolução de Abril e ao advento da reforma agrária, que José Saramago produz aquilo a que já se convencionou chamar o seu «primeiro grande romance». Primeiro porque a partir daí eles se têm sucedido regularmente como outros tantos «grandes romances», o maior dos quais, por ter constituído um autêntico «caso» de celebridade tanto nacional como internacional, com tradução para uma vintena de línguas e adaptação a libretto de ópera, foi sem dúvida Memorial do Convento (1982).
Fascinante relato da construção do convento de Mafra e do esforço dos homens que o construíram, Memorial do Convento trata também do sonho do «padre voador», Bartolomeu de Gusmão, e da construção da sua Passarola, que voará mercê das vontades dos homens que Blimunda, a que vê através dos corpos e da terra, irá, pacientemente, aprisionando num frasco. Tudo isto é servido por um estilo que passará a constituir forte marca do autor e que se define, basicamente, pela supressão de alguns sinais de pontuação, nomeadamente pontos finais e travessões para introduzir o diálogo entre as personagens, o que vai resultar num ritmo fluido, marcadamente oral e muito próprio, tanto da escrita como da narrativa.
Estas características irão, aliás, contribuir para transformar os seus livros em objecto de interesse para encenadores, músicos e realizadores de cinema: Memorial do Convento, de que o autor recusou autorizar uma adaptação cinematográfica, foi já adaptado a ópera pelo compositor italiano Azio Corghi, com o título «Blimunda». A estreia mundial, com encenação de Jérôme Savary, realizou-se no Teatro alla Scala, de Milão, em Maio de 1990. Também da peça In Nomine Dei foi extraído um libretto: o da ópera «Divara», estreada em Münster (Alemanha), em 31 de Outubro de 1993, com música de Azio Corghi e encenação de Dietrich Hilsdorf.
De romance histórico se tem inevitavelmente falado em relação à produção romanesca de Saramago, embora o próprio autor recuse tal etiqueta aplicada às suas obras. E se os romances de José Saramago estão definitivamente modelados numa dimensão histórica (quer os que remetem para o passado – a maioria – quer, por exemplo A Jangada de Pedra (1986), que surge como ficção de uma hipótese fantástica situada num futuro), não o estarão menos numa dimensão propriamente humana, naquilo em que a acção e reflexão dos homens, mesmo, ou principalmente, dos mais modestos no interior de cada época histórica, pode pesar para ocasionar desvios, ainda que ficcionais, da «verdade» que a História consignou. Na opinião de Maria Alzira Seixo, será precisamente «desta conjunção entre continuidade temporal e intervenção humana» que Saramago irá «extrair uma noção de alteridade que [...] é a proposta de diálogo entre todo o diverso, ou melhor, de conjunção acertada e dramática das várias condições que situam o homem no mundo, seu entrecruzar doce e fecundo, sua irreparável desarmonia que se deplora e compensa em literatura».
Se o romance de José Saramago é histórico, pela dimensão histórica, e fantástico, pela dimensão fantástica, ele é principalmente dos homens e das mulheres na história e da sua capacidade de ver e agir sobre o real para além do crível e do evidente. Parte da extraordinária receptividade que as suas obras têm merecido em todo o mundo, e que culminou com a atribuição do Nobel, dever-se-á, sem dúvida, a esse carácter humanista, a esse reduto de confiança e esperança no poder do humano que a sua obra projecta.
De facto, mesmo antes da consagração máxima trazida pelo Nobel, Saramago era já o autor português contemporâneo mais traduzido, com livros editados em todo o mundo, da América do Norte à China, e detinha já um capital de prestígio reconhecido pela atribuição de vários prémios literários internacionais e nacionais – de onde se destacam o Prémio Camões, em 1995 e os prémios Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores (1993) e de Consagração de Carreira, da Sociedade Portuguesa de Autores (1995) –, doutoramentos honoris causa pelas Universidades de Turim (Itália), Manchester (Inglaterra), Sevilha, Toledo e Castilla-La Mancha (Espanha) e graus honoríficos, como o de Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada e Chevalier de l'Ordre des Arts e des Lettres (atribuído pelo governo francês). É, além disso, membro honoris causa do Conselho do Instituto de Filosofia do Direito e de Estudos Histórico-Políticos da Universidade de Pisa (Itália); membro da Academia Universal das Culturas (Paris); membro correspondente da Academia Argentina das Letras e membro do Parlamento Internacional de Escritores (Estrasburgo).
Parte do espólio de José Saramago encontra-se no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998

45€

Cartas particulares a Marcello Caetano / Organização e Prefácio de José Freire Antunes

 




Cartas particulares a Marcello Caetano / Organização e Prefácio de José Freire Antunes (2 VOLS)

[Capas com ligeiros sinais de manuseamento; miolo bem conservado]

Acervo epistolar de cerca de 600 cartas, de indiscutível importância para a História recente de Portugal endereçadas a Marcelo Caetano, entre muitos outros, por Adelino Amaro da Costa, Sedas Nunes, Afonso Queiró, Agustina Bessa Luís, Oliveira Marques, Franco Nogueira, Álvaro Cassuto, Américo Tomás, Alçada Baptista, Champalimaud, António Ferreira Gomes, França Borges, Sousa Franco, Spínola, Artur Cupertino de Miranda, Artur Ramos, Baltazar Rebelo de Sousa, Krus Abecassis, David Mourão-Ferreira, Diogo Freitas do Amaral, Duarte Nuno de Bragança, Eduardo Brasão, Francisco Casal Ribeiro, Dutra Faria, Pinto Balsemão, Francisco Sá Carneiro, Henrique de Barros, Hernâni Cidade, Jacinto do Prado Coelho, João de Freitas Branco, João Leite (Lumbrales), João Mota Amaral, João Palma-Ferreira, João Salgueiro, Joaquim Veríssimo Serrão, Borges de Macedo, Jorge de Brito, Jorge Jardim, José de Azeredo Perdigão, Calvet de Magalhães, José Fernandes Fafe, José Gago de Medeiros, Gonçalves Proença, José Hermano Saraiva, José Lyon de Castro, José Manuel Fragoso, José Manuel de Mello, José Miguel Júdice, José Pinto Leite, José Ribeiro dos Santos, Sérvulo Correia, José da Silva, Juan Carlos de Borbón, Júlio Evangelista, Kaulza de Arriaga, Lindley Cintra, Luís Nandim de Carvalho, Luís Sttau Monteiro, Luís Supico Pinto, Manuel Bullhosa, Manuel Gonçalves Cerejeira, Manuel Homem de Mello, Manuel Sarmento Rodrigues, Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Lurdes Pintassilgo, Maria Pia de Bragança, Mário Castrim, Mário Murteira, Martinho Nobre de Mello, Miguel Quina, Natália Correia, Pedro Teotónio Pereira, Raul Rego, Silvino Silvério Marques, Vasco da Gama Fernandes, Vasco Vieira de Almeida e Vitorino Nemésio.

15€

La Pensée de Salazar

 




La Pensée de Salazar

EDITIONS SPN LISBONNE
[Bem conservado]

12€

sábado, 11 de fevereiro de 2023

O Mato

 





AZEREDO, Guilhermina de.- O Mato: romance .- Braga: Editora Pax, 1972.- 329, (2)p.; 21cm.-B

Raro

10€

BRANCOS E NEGROS


 


BRANCOS E NEGROS

AZEREDO (Guilhermina de).- BRANCOS E NEGROS. (Prémio Fernão Mendes Pinto, 1955). Agência Geral do Ultramar. 1956. [Lisboa]. In-8.º gr. de 174-II págs. .
Raro
Bom Estado

15€

Vida de Refugiados

 




Vida de Refugiados

Autor: Manuel de Resende
Ano: 1977
Edição: Literal - Lisboa
Encadernação: Capa mole
Conservação: Estado bom, manchas do tempo
Pesa 110 gramas
Bom Estado
Raro

15€

As Árvores Reverentes do Congo





 As Árvores Reverentes do Congo

Autor: Amadeu Ferreira
Editora Pax, Braga - 1967
Raro
Angola e o Norte temas deste romance!

15€

A Caminho do Horizonte





 A Caminho do Horizonte

Miguel Lemos
Edição Janeiro 2007
Colecção Fora de Restos de Colecção
ISBN 978-989-616-160-6
Páginas 216
Raro
Relato de uma viagem num pequeno barco entre Luanda e Portimão.

Estado Novo

10€

Fim de Império





 António Vieira - Fim de Império

Edições ASA
Descrição
A partir das rememorações de um médico enviado para o norte de Angola, nos últimos anos da década de sessenta, desenha-se aqui um romance de formação (literária e amorosa) em que, sobre o fundo misterioso de África, assistimos ao confronto do protagonista com as experiências da guerra, por um lado, e com a realidade de Luanda, onde vai de quando em quando. Repartido em duas personagens - Nicolau, que o projecta naquele tempo, e Aónio, que o reflecte na actualidade -, o narrador é de certo modo um símbolo de toda uma geração portuguesa.
Em Fim de Império, o leitor encontrará o cenário de uma guerra lenta e imprevisível, travada por um exército desiludido, em que se anuncia já a revolução do 25 de Abril.

10€

A AVENTURA DE TRAVESSIA DE ÁFRICA DE SERPA PINTO / O MITO DO HERÓI EXPLORADOR

 





A AVENTURA DE TRAVESSIA DE ÁFRICA DE SERPA PINTO / O MITO DO HERÓI EXPLORADOR

Soledade Amaro Rodrigues, Prefacio, 2009, 159 págs
A AVENTURA DE TRAVESSIA DE ÁFRICA DE SERPA PINTO / O MITO DO HERÓI EXPLORADOR
Raro
Bom estado

12€